10 de mar. de 2018

PEIXES E O MUNDO DAS IDÉIAS



Uma das principais preocupações do filósofo Platão era a questão do conhecimento: como podemos descobrir a verdade acerca do nosso mundo? Para ele, tentar analisar os objetos de nosso mundo não nos levaria a conhecimento nenhum, ao contrário, nos perderíamos em meras aparências. Pense o seguinte: se precisamos descobrir o que é uma cadeira.  Para Platão, de nada adiantaria olhar para as cadeiras do nosso mundo, pois há uma variedade enorme de cadeiras: com braço, sem braço, de rodinhas, sem roda, com estofado ou sem, etc. Para sabermos o que é uma cadeira deveríamos pensar o que é a ideia de cadeira que abarca todas essas outras. Platão afirmava que para cada um dos objetos do nosso mundo haveria uma ideia correspondente que existiria de fato em um outro plano de realidade. Essa teoria ficou conhecida como "mundo das ideias". Para ele, os objetos de nosso mundo material seriam meras cópias, imperfeitas e mutáveis, das ideias, estas sim, perfeitas, eternas e imutáveis. 

É claro que Platão não estava interessado em objetos como uma cadeira, ele queria descobrir a ideia de noções como justiça, bondade, coragem, política, etc. Dessa forma, segundo ele, jamais encontraríamos a verdadeira justiça pesquisando como os diferentes países realizam essa atividade. Deveríamos pensar qual é o ideal de justiça, o que seria a perfeita justiça. Alguém poderia argumentar que isso seria um exercício em vão: nada no nosso mundo é perfeito. Essa pessoa estaria correta ao dizer isso. No entanto, o mundo das ideias não serve apenas para a contemplação: as ideias, perfeitas e imutáveis, servem a nós como um farol, uma direção para onde caminhar. Não devemos  perder nossas energias desejando viver entre ideias perfeitas, devemos entendê-las para transformar nosso mundo real. Não podemos negar nossa realidade imperfeita, nem nos perdemos em uma outra realidade mais perfeita, mas tentar conciliar nossas ações com os ideais perfeitos.

 Peixes, o último signo do zodíaco, é o oposto complementar de Virgem. Em Virgem começamos a ver ao longe a possibilidade da perfeição, mas ainda não estamos prontos para isso. Pois Virgem se atém ao cotidiano, ao mundo concreto. E como diz Platão se perde nas aparências e nas minúcias. Peixes trás a possibilidade de transcender a nós mesmos de conquistar a totalidade.  Trazendo o “mundo das idéias” para o concreto, para o cotidiano ajudando na transcendência do dia-a-dia, realizando  a tarefa divina de encontrar nosso próprio Eu e a elevar-nos acima de nós mesmos.  É preciso transcender o cotidiano e vencer a grande dualidade, espírito e  matéria,  alma e  corpo,  natureza divina e natureza humana, traduzida  pelos dois   peixes, um ao contrário do outro, unidos pelo cordão uroboros, que simboliza a integração.
O grande perigo de Peixes é se perder no mundo das idéias, idealizando e contemplando sem que isso tenha um resultado concreto.
 É tempo de transcender o dia-a-dia e instaurar o paraíso terrestre, que traz a possibilidade de  entrega a tudo que está além das aparências, além da forma e  da razão totalitária, aceitando a poesia e o sonho, que estão diretamente ligados à capacidade criadora do Ser Humano,  descobrindo os mistérios da intuição e da beleza. Beleza que está nos olhos de quem vê, chamando para focalizar todos os seres em sua plena potencialidade. 


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