Uma das principais
preocupações do filósofo Platão era a questão do conhecimento: como podemos
descobrir a verdade acerca do nosso mundo? Para ele, tentar analisar os objetos
de nosso mundo não nos levaria a conhecimento nenhum,
ao contrário, nos perderíamos em meras aparências. Pense o seguinte: se
precisamos
descobrir o que é uma cadeira. Para Platão, de nada
adiantaria olhar para as cadeiras do nosso mundo, pois há uma variedade enorme
de cadeiras: com braço,
sem braço, de rodinhas, sem roda, com estofado ou sem,
etc. Para sabermos o que é uma cadeira deveríamos pensar o que é a ideia de
cadeira que abarca todas essas outras. Platão afirmava que para cada um dos
objetos do nosso
mundo haveria uma
ideia correspondente que existiria de fato em um
outro plano de realidade. Essa teoria ficou conhecida como "mundo das
ideias". Para ele, os objetos de nosso mundo material seriam meras cópias,
imperfeitas e mutáveis, das ideias, estas sim, perfeitas, eternas e imutáveis.
É claro que Platão não estava interessado em objetos como uma
cadeira, ele queria descobrir a ideia de noções como justiça, bondade, coragem,
política, etc. Dessa forma, segundo ele, jamais encontraríamos a verdadeira
justiça pesquisando como os diferentes países realizam
essa atividade. Deveríamos pensar qual é o ideal de justiça, o que seria a
perfeita justiça. Alguém
poderia argumentar que isso seria um exercício em vão: nada no nosso mundo é
perfeito. Essa pessoa estaria correta ao dizer isso. No entanto, o mundo das ideias não serve apenas para a contemplação: as
ideias, perfeitas e imutáveis, servem a nós como um farol, uma direção para
onde caminhar. Não devemos perder nossas
energias desejando viver entre ideias perfeitas, devemos entendê-las para
transformar nosso mundo real. Não podemos negar nossa
realidade imperfeita, nem nos perdemos em uma outra realidade mais perfeita,
mas tentar conciliar nossas ações com os ideais perfeitos.
Peixes, o último signo do zodíaco, é o oposto
complementar de Virgem. Em Virgem começamos a ver ao longe a possibilidade da
perfeição, mas ainda não estamos prontos para isso. Pois Virgem se atém ao
cotidiano, ao mundo concreto. E como diz Platão se perde nas aparências e nas
minúcias. Peixes trás a possibilidade de transcender a nós mesmos de conquistar
a totalidade. Trazendo o “mundo das
idéias” para o concreto, para o cotidiano ajudando na transcendência do
dia-a-dia, realizando a tarefa divina de
encontrar nosso próprio Eu e a elevar-nos acima de nós mesmos. É preciso transcender o cotidiano e vencer a
grande dualidade, espírito e
matéria, alma e corpo,
natureza divina e natureza humana, traduzida pelos dois
peixes, um ao contrário do outro, unidos pelo cordão uroboros, que
simboliza a integração.
O grande perigo de Peixes
é se perder no mundo das idéias, idealizando e contemplando sem que isso tenha
um resultado concreto.
É tempo de transcender o dia-a-dia e instaurar
o paraíso terrestre, que traz a possibilidade de entrega a tudo que está além das aparências,
além da forma e da razão totalitária,
aceitando a poesia e o sonho, que estão diretamente ligados à capacidade
criadora do Ser Humano, descobrindo os
mistérios da intuição e da beleza. Beleza que está nos olhos de quem vê,
chamando para focalizar todos os seres em sua plena potencialidade.
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