Em Libra, encontramo-nos com o Outro. O outro pessoa,
ou o outro lado nosso, que desperta em nós sentimentos guardados, tão
escondidos que fingimos não saber de sua existência. A energia de Escorpião vai nos ajudar a
entrar em contato com a intensidade de nossos sentimentos e de nossos
instintos; a entender e lidar com temas como: morte-renascimento, sexualidade e
poder. Temas tão mal-compreendidos em nossa sociedade que chamamos de nosso
“lado inferior”. Escorpião não teme o “lado inferior” da alma humana, pois
sabe, graças à sua intuição penetrante, que é no lodo que nasce a mais linda
flor de lótus. Com sua inteligência
aguda e profunda, nenhum mistério escapa à sua percepção, treinado que é para
ver além do que os olhos enxergam. Esse é o grande poder de escorpião:
regenerar, curar, transformar tudo que
toca, passar pelo fogo, incinerando as impurezas como um alquimista, e
transformar “seu metal baixo” em ouro.
No
entanto, não é sempre que isso acontece. Tendo consciência da profundidade e
intensidade de suas emoções, Escorpião
tem medo de usufruir dessa intensidade, tem medo de perder o controle sobre si
mesmo e ficar a mercê de suas emoções ou das emoções dos outros. É um medo
ancestral, um medo de alma por termos sido expulsos do paraíso. Por isso, não
permite que as emoções que fervilham em seu íntimo transpareçam, reprimindo sua
expressão. Assim elas vão se acumulando, criando tendências emocionais
compulsivas.
Essa é a contradição deste signo:
capacidade de se sintonizar com a profundeza dos sentimentos, ao mesmo tempo em
que tem medo de ser levado por eles, de
perder a razão. Por isso, procura se controlar, evitando qualquer liberação de
emoções aparentemente esquecidas ou superadas, mas que continuam pululando em
seu interior e contaminando tudo o que toca. Diante da dificuldade de lidar com
suas próprias emoções, busca a segurança em valores materiais: poder, sexo ou
conhecimento psíquico. Conquistando poder e influência sobre o outro ou em transações
financeiras, obtém uma sensação de segurança, de controle. Entretanto, isso só
serve para manter escondidas as emoções
que, por não terem vazão, podem se intensificar cada vez mais, gerando o ciclo
vicioso: medo da intensidade das emoções - repressão - intensificação das
emoções - medo. O verdadeiro sentido de segurança só é atingido pela libertação
dos desejos e das emoções reprimidas.
A contradição só é resolvida quando
se permite ir ao fundo do poço, dar
impulso e emergir. Somente quando se desapega, quando se permite matar
alguns aspectos ou emoções é que outras podem nascer. Devemos aprender a desapegar de objeto, pessoa ou situação que dão a ilusão
de estabilidade e segurança, mas que na realidade mantêm um estado de
imutabilidade e estagnação que evita as crises. É nos momentos de crise que
ocorrem transformações, pois é quando nosso potencial criativo é resgatado das
profundezas do inconsciente coletivo: manancial ancestral da sabedoria humana.
É necessário morrer para nascer mais forte e confiante na vida e em si mesmo.
Escorpião
traz em si a necessidade de fazer o mergulho interior e deparar com nossos monstros internos, entrar em
contato com nossa alma confusa e assustada.
Temos medo do crescimento
espiritual, medo de ser difícil, medo de
fazer contato com o processo de Alma que
vagueia em busca de si mesma. É preciso ir ao fundo do mar, fazer contato
com os monstros escondidos e desvelar o véu para revelar e dar a conhecer o
grande mistério de Ser.
A
Hidra, um monstro de 9 cabeças, uma
delas imortal, uma praga para os
moradores das redondezas de Lerna, vivia no pântano
mal cheiroso, dentro de uma caverna, longe da luz do sol. Hércules
recebeu a incumbência de matá-la. Esperou, sem sucesso, durante vários
dias, que a Hidra saísse de sua
cova. Então embebeu suas flechas em
piche ardente e as atirou para o interior da caverna. A Hidra, suas nove cabeças, com uma respiração fumegante, emergiu, tentando envolver os pés de Hércules. Este
pulou para o lado e deu-lhe um golpe tão severo que logo decepou uma das
cabeças. Mal a cabeça havia tocado o solo, duas cresceram em seu lugar.
Repetidamente Hércules atacou o monstro
enraivecido que, a cada golpe, ficava mais forte. Pondo de lado sua clava, Hércules
se ajoelhou, agarrou a Hidra em suas mãos nuas e a ergueu. Suspensa no ar, sua força diminuiu. De
joelhos, então, ele sustentou a Hidra no alto, acima dele, para que o ar
purificado e a luz pudessem fazer seu devido efeito. O monstro, forte na escuridão
e no lodo, logo perdeu sua força, quando os raios do sol e o toque do vento o
atingiram. Aos poucos, as nove cabeças caíram, permitindo que a cabeça mística
imortal aparecesse. Hércules a decepou e a colocou sob uma rocha, onde se
transformou numa jóia.
A Destruição de Lerna simboliza a
necessidade de enfrentarmos nosso
monstro interno, que habita na caverna escura. Esse monstro pode ser alguma
culpa raivosa, alguma mágoa ressentida,
algum ciúme, ou ainda algum ódio
inconsciente, escondido de nossa
mente, longe da luz e do ar.
Com
nove cabeças, pois são muitas as emoções que precisamos trabalhar para
conquistar o auto domínio. Para isso, é preciso deslocar o problema para outra dimensão, onde possa ser
analisado e transformado. Nós nos elevamos, ajoelhando, dominando o orgulho do
ego e cedendo à vontade do eu superior e dos valores superiores. A cabeça
imortal concentra a energia reprimida que fervilha e envenena a psique, por
isso deve ser purificada e redirecionada, para ser corretamente canalizada. Sob
a rocha da vontade persistente, a cabeça imortal se torna uma fonte de luz e
poder.
Quando
não utilizamos o nosso poder manipulamos a nós e ao outro. Nós nos pervertemos,
nos corrompemos. Somos usados como inocentes úteis. O poder reprimido gera ódio,
raiva e violência. Violência que fazemos primeiro a nós mesmos, quando não
aceitamos nossas emoções, violência que fazemos quando nos impomos ser
“bonzinhos”ou “boazinhas”, quando entregamos nosso poder a outro: partido,
marido ou esposa, governo; quando
achamos que somos Deus e por isso podemos fazer o que quisermos, sem dar
satisfação a ninguém.
Vivemos
numa sociedade muito violenta e agressiva. Assistimos a lutas pelo poder dentro
de casa, na escola, no governo de nosso país e no mundo. Grande parte delas vêm
do aspecto venenoso de Escorpião. Por medo de perder o controle e ficar nas
mãos do outro, escravizamo-nos por doutrinas, dogmas, tradições, superstições,
ilusões e encantos obsoletos e vivemos a escuridão interna, o crime de nosso
poder regenerativo e a separatividade de nossa vontade com a vontade universal.
Queremos ser bons, puros e íntegros. Mas não sabemos o que fazer com nossos
defeitos, com nossos instintos, rigidez, determinismo. Extremamente exigentes
conosco, não nos conformamos quando falhamos. Jogamos para baixo do tapete os
“defeitos”, reprimindo-os. Isso se assemelha ao que fazemos com o lixo da
sociedade, com as populações marginalizadas. Jogamo-os para escanteio, pelo
menos tentamos. A grande tarefa é provocar a transformação alquímica de nossa
personalidade, é reciclar o lixo, retirando daí o grande poder energético de
regeneração, é integrar o excluído para a real força sobressair. Como?
*
começando por entender a grande
dinâmica da natureza: vida x morte, bem x mal, valores individuais x valores
coletivos, amor sublime x destruição. Somos essencialmente bons, mas deixamos
que a perversão nos conduza e nos tire de nosso verdadeiro caminho.
*
parar de fortalecer nosso
demônio interno que se alimenta do apego ao passado, do medo das mudanças. Para
isso é necessário eliminar idéias acumuladas, desejos pervertidos, atitudes e
conceitos velhos.
*
aceitar as perdas, fazer o luto.
Em nossa sociedade é muito comum a lei de Gerson: “Tirar proveito de tudo “, “dar um jeitinho”.
É preciso aceitar as mortes, como pequenas mudanças e vivenciar o luto, o
desapego. Temos medo da morte, pois
temos medo de mudar. O fim é o começo de um novo ciclo. Morremos em uma
dimensão para nascer em outra.
*
viver plenamente a sexualidade.
Na liberação desse impulso está o acesso à fonte original do poder. A repressão
sexual, a pornografia e as propagandas
que usam a sexualidade como apelo
financeiro cumprem o mesmo papel:
desvirtuar ou perverter a utilização desse impulso, mantendo-nos presos na culpa e no lodo. É
preciso transmutar, utilizando livremente essa energia criadora e libertadora.
De Escorpião, precisamos aprender a
lutar com o nosso monstro interno, a percorrer caminhos cheios de pântanos e
infernos, abrindo trilhas em busca do
divino. Para isso, Escorpião é dotado de bravura, coragem, natureza apaixonada,
intensidade de sentimentos.
A grande função de Escorpião é
desenvolver o alinhamento com a vontade universal, garantindo o acesso à força
universal, à fonte do poder de cura, através do qual purificamos e somos
capazes de ajudar os outros. Precisamos encarar o desafio de dominar a
vontade pessoal e a necessidade
compulsiva de fazer as coisas a nosso modo, de viver a qualquer custo e de
ficar sempre no controle. É hora da acabar com a grande perversão na qual
vivemos: sentir culpa por sermos quem realmente somos. Somos dotados de
potencialidades e poderes internos capazes de transformar o lodo em jóia,
usando nosso poder de maneira completamente nova.
Atividades:
· recicle seu lixo;
· arrume seus guarda-roupas e
armários, eliminando sem apego o que está em desuso;
· procure entender a violência
ou o processo de exclusão de nossa sociedade
· vá a um enterro ou faça uma
visita ao cemitério; faça uma lista de suas perdas na vida sejam materiais,
sentimentais ou pessoais. Você superou essas perdas ? Que mágoas traz ainda em
relação a elas.
· faça sexo com prazer;
· na meditação da lua cheia,
trabalhe as características: coragem, profundidade, intensidade emocional,
bravura, poder, transformador,
· leia o texto bíblico: Lc 4,
1-13;
· observe no céu as
constelações de Serpente ( N ), Ofiúco ( N ), Hércules ( N );
· dieta: alho poró, couve,
cebola, ameixa e coco;
· tome chá de frutas cítricas;
· enfeite sua casa e/ou local
de trabalho com Crisântemo;
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